Autor: Luigi Pirandello

Este espetáculo estreou, a convite do Festival de Curitiba, na mostra oficial em 2000 e realizou duas temporadas no Rio: no Conjunto Cultural da Caixa e no Teatro Gláucio Gill. Foi apresentado também no Sesc São João de Meriti e integrou o Festival Pequeno Gesto em 2001.

Em Henrique IV Pirandello explora os limites entre a loucura e a lucidez a partir da história de um homem que, após uma pancada na cabeça, fixa o personagem que representava numa festa de carnaval, vivendo numa ficção durante 15 anos.

Elenco:

Alexandre Dantas
Andrea Spada
Claudia Ventura
Marcos França
Mario Piragibe
Priscila Amorim
Simone André
Vilma Melo
Walter Lima Torres

Ficha Técnica:

Autor: Luigi Pirandello
Direção Antonio Guedes
Dramaturgista Fátima Saadi
Cenário Doris Rollemberg
Figurinos Mauro Leite
Música Andrea Spada
Iluminação Binho Schaefer

Crítica

Clássico de Pirandello ganha versão eficiente
Lionel Fischer
Tribuna da Imprensa,

Ao recobrar a consciência após sofrer uma queda durante uma cavalgada a fantasia, ele acredita ser o personagem que encarnava, o imperador Henrique IV. A partir daí, por ordem de sua irmã, todos passam a agir visando perpetuar a farsa, que já dura 15 anos. Porém, depois de oito anos o protagonista percebe o ilusório contexto, mas faz questão de nada revelar. É este, em resumo, o enredo de Henrique IV, de Pirandello, mais nova produção do Teatro do Pequeno Gesto. Antonio Guedes assina a direção da montagem, que tem elenco liderado por Claudia Ventura, Marcos França, Alexandre Dantas e Walter Lima Torres.

Como em quase toda a sua obra, aqui Pirandello trabalha de forma brilhante a tensão entre realidade e fantasia, deixando implícita a impossibilidade do estabelecimento de uma verdade absoluta. No fundo, sustenta que as coisas são o que parecem ser, também reafirmando sua convicção de que a arte é muito mais real do que a vida, posto que eternizada em uma forma.
A partir da ótima adaptação feita em parceria com Fátima Saadi – que elimina um certo excesso de palavras e referências à cultura italiana –, Antonio Guedes impõe à cena uma dinâmica sóbria e eficiente, cabendo destacar a clareza expositiva do espetáculo – vital por se tratar de uma peça que trabalha simultaneamente vários planos de entendimento.

No papel-título, Marcos França tem atuação vigorosa e emocionada, devendo apenas prestar atenção no que diz respeito à projeção vocal, em especial nas passagens em que fala de costas para a platéia. Claudia Ventura expressa de maneira irretocável o caráter cínico e debochado de Matilde, cabendo também mencionar as excelentes participações de Alexandre Dantas (médico) e Walter Lima Torres como o amante de Matilde. Os demais têm atuações seguras.

Na equipe técnica, são igualmente eficientes e expressivos a cenografia de Doris Rollemberg, a luz de Binho Schaefer, os figurinos de Mauro Leite e a música de Andréa Spada.